J.W. Galuzio*
Da urbanidade.
É muito curioso observar o
comportamento humano, especialmente nos grandes centros urbanos. O jeito
caótico como as grandes cidades vão crescendo, disformes e sem proporção,
formam ‘juntamentos’ de pessoas de origens e culturas muito diferentes,
resultando em contrastes e confrontos de toda ordem. O encontro entre caboclos
e caiçaras, gaúchos e capixabas, mineiros e potiguares, entre toda gente do
Brasil inteiro ou do estrangeiro, num mesmo bloco onde imperam asfalto e pedra,
por vezes resta em confusão, se não, solidão. Confusão de valores e emoções e a
dolorosa solidão silenciosa, mesmo entre milhões.
O medo da diferença e a bagunça
moral chocam as nossas mentes ingênuas, quando não, dão voz aos nossos
instintos mais brutos. Como resultado, podemos ver gente linda e bacana agredindo
ou vaiando tudo aquilo que não entende e, neste jogo de talião, cada vez mais pessoas,
embora tenham jeito gentil e suave entre seus iguais, vão agredindo desiguais, indefinidamente.
O Carrão não escapa, em parte, a
esta rude realidade. A vila, um bairro localizado na zona sudeste da cidade,
representa a confluência de vias arteriais que ligam São Paulo, Guarulhos e o
ABC. Se o nome faz referência ao ministro e senador imperial, o ‘conselheiro’
João da Silva Carrão, o império que se estendeu dentro de suas fronteiras no
século XX foi o das famílias de trabalhadores, na indústria, no comércio e mais
recentemente nos serviços.
Da santidade.
A tradição religiosa do
brasileiro comum tem grande devoção prestada a homens e mulheres que, de um
modo ou de outro, representam os mais sagrados valores cristãos como a paz e o
amor. Dito assim, o senso comum faz parecer que a santidade seja uma qualidade
de figuras excepcionais, capazes de sacrifícios e realizações extraordinárias,
elevadas às nuvens da castidade mais pura. Esse estilo de vida augusto, mas
metódico, reto e sistemático sugere algo que esteja radicalmente deslocado do
mundo urbano e imperfeito das nossas relações mundanas, e está.
Só que não. Santidade não é método, é vocação. Vocação eloquente em
nosso entusiasmo exuberante nos gestos mais simples e singelos. Somos santos
todos quando compartilhamos nossas bênçãos e vivemos em paz com e apesar de
nossas diferenças. Quando dizíamos, antes, que o Carrão não escapava, em parte,
à crueza da realidade, cabe reconhecer a agremiação Benção e Paz, como exceção.
Exceção não é perfeição. Humanos erramos, mas erros são próprios ou inerentes
ao método.
Benção e paz, de outro modo,
são qualidades da nossa vocação de ser gente.
'Sacerdote-se' e compartilhe bênçãos e sê pacífico.
*João Wagner (11) 94253-4553.
'Sacerdote-se' e compartilhe bênçãos e sê pacífico.
*João Wagner (11) 94253-4553.
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