quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Bencao e paz. Santidade na urbanidade. O desafio (e a oportunidade no Carrão).


J.W. Galuzio*
Da urbanidade.

É muito curioso observar o comportamento humano, especialmente nos grandes centros urbanos. O jeito caótico como as grandes cidades vão crescendo, disformes e sem proporção, formam ‘juntamentos’ de pessoas de origens e culturas muito diferentes, resultando em contrastes e confrontos de toda ordem. O encontro entre caboclos e caiçaras, gaúchos e capixabas, mineiros e potiguares, entre toda gente do Brasil inteiro ou do estrangeiro, num mesmo bloco onde imperam asfalto e pedra, por vezes resta em confusão, se não, solidão. Confusão de valores e emoções e a dolorosa solidão silenciosa, mesmo entre milhões.

O medo da diferença e a bagunça moral chocam as nossas mentes ingênuas, quando não, dão voz aos nossos instintos mais brutos. Como resultado, podemos ver gente linda e bacana agredindo ou vaiando tudo aquilo que não entende e, neste jogo de talião, cada vez mais pessoas, embora tenham jeito gentil e suave entre seus iguais, vão agredindo desiguais, indefinidamente.

O Carrão não escapa, em parte, a esta rude realidade. A vila, um bairro localizado na zona sudeste da cidade, representa a confluência de vias arteriais que ligam São Paulo, Guarulhos e o ABC. Se o nome faz referência ao ministro e senador imperial, o ‘conselheiro’ João da Silva Carrão, o império que se estendeu dentro de suas fronteiras no século XX foi o das famílias de trabalhadores, na indústria, no comércio e mais recentemente nos serviços.

Da santidade.

A tradição religiosa do brasileiro comum tem grande devoção prestada a homens e mulheres que, de um modo ou de outro, representam os mais sagrados valores cristãos como a paz e o amor. Dito assim, o senso comum faz parecer que a santidade seja uma qualidade de figuras excepcionais, capazes de sacrifícios e realizações extraordinárias, elevadas às nuvens da castidade mais pura. Esse estilo de vida augusto, mas metódico, reto e sistemático sugere algo que esteja radicalmente deslocado do mundo urbano e imperfeito das nossas relações mundanas, e está.

Só que não. Santidade não é método, é vocação. Vocação eloquente em nosso entusiasmo exuberante nos gestos mais simples e singelos. Somos santos todos quando compartilhamos nossas bênçãos e vivemos em paz com e apesar de nossas diferenças. Quando dizíamos, antes, que o Carrão não escapava, em parte, à crueza da realidade, cabe reconhecer a agremiação Benção e Paz, como exceção. Exceção não é perfeição. Humanos erramos, mas erros são próprios ou inerentes ao método. 

Benção e paz, de outro modo, são qualidades da nossa vocação de ser gente.

'Sacerdote-se' e compartilhe bênçãos e sê pacífico.

*João Wagner  (11) 94253-4553.

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